SEM ALTERAÇÕES EMOCIONAIS

20/06/2016 14:24

 

Pelas informações enviadas à minha secretária na clínica, a paciente havia conseguido emprego no Shopping Center, em uma loja de roupas, exatamente como ela dissera na sessão anterior.
 

Pelas coisas que sua mãe me colocava, ficavam claros os motivos que levaram a paciente a esse estado tão depressivo. 

                

Quando comigo, a paciente não tinha sofrido mais qualquer alteração emocional. No entanto, sua mãe, sempre que me ligava, colocava novos pontos de conduta da paciente. Dissera que no domingo anterior, em almoço num restaurante, a paciente entrara em estado depressivo e começara a chorar. Todas as vezes que isso acontecia, a mãe e a avó estavam diretamente relacionadas. A pressão exercida pela avó era ainda maior. A mãe pressionava por pressão da avó. Todas as vezes que a paciente procurava se libertar, deparava-se com a mãe impedindo, e por um motivo muito mais social e ético do que salutar. Não queria se indispor com a mãe (avó), que segundo ela mesma, foi responsável, e ainda era, pela educação da paciente.

A conquista de um novo emprego poderia dar outro enfoque no tratamento. O convívio com pessoas diferentes e a necessidade de assumir responsabilidades poderia mudar sua postura.

A mãe da paciente justificou o cancelamento da sessão na semana anterior pelo fato da paciente se recusar a vir. No entanto, duas semanas antes, havia me perguntado se eu não achava que podia reduzir o número de sessões mensais. Disse-me que os valores estabelecidos estavam um pouco pesados. Mesmo depois de uma redução significativa, manteve a diminuição do número das sessões no mês, apesar de, na primeira entrevista, a avó deixar claro ter posses suficientes para dar à neta o melhor tratamento.

No que podia claramente observar nas sessões, era que as atitudes da paciente não condiziam com as atitudes que a mãe me confidenciava durante a semana.

A novidade na sessão seguinte era que voltara a trabalhar e agora em um consultório dentário como recepcionista, instrumentadora e secretária. Segundo alegou, não viera na semana anterior por não ter novidades pra contar. As saídas e passeios estavam acontecendo normalmente com o irmão e amigos.

(Cont.)

Omar Carline Bueno

Psicoterapeuta