POESIAS - CONTOS - CRÔNICAS

 

PAI

 

 

Na força do seu pulso, o incentivo de ser criança.

O tempo se vai longe, mas não mata o que ficou em minha lembrança.

Falar da vida, falar daquele aceno.

Viver de novo a minha infância.

Apenas o toque de suas mãos

e, na rudez de sua pele, amor, ternura, abrindo o meu coração.

No peito uma alma sempre ativa

e no suor de seu rosto, tez aflita,

a preocupação de me fazer adulto.

Trilhou os meus caminhos lado a lado.

Atravessou comigo o mar, mesmo calado,

mas me dando a segurança que a “vida” poderia me tirar.

No seu sorriso, a alegria apenas por eu ser.

Sentou na relva e como brisa que acalenta

se fez criança e brincou comigo.

Não falava da tristeza nem da melancolia;

São coisas de adulto, ele dizia.

Mas na sua paciência, me ensinou sabedoria.

Na sua brandura me ensinou ternura.

Na sua dor me mostrou o que é amor.

E como o véu da noite que com o brilho das estrelas cai,

me ensinou a ser como ele, pai.

 

MÃE

08/05/2014 13:16

Mais que a glória do saber

é ser mãe com toda glória.

É viver, é padecer,

gerar, suprir sua vitória.

 

Mãe divina,

mãe real.

Mãe de toda natureza.

Mãe do Cristo, imortal,

mãe da eterna beleza.

 

Mãe da flor,

mãe da ousadia,

mãe do amor,

da hipocrisia.

 

Mãe é força, é carestia.

Mãe é a própria anistia.

Mãe é lágrima rolando,

mãe é coração se dando.

 

Mãe é vida, é vício, é morte.

É se dar sem receber.

É morrer sem perceber,

que o filho é a própria sorte.

 

VIDA

Sob a penumbra da noite

  o amor se envaidecia.

    Sopro de açoite num vento que assovia.

      Do alto eu espreitava a mão que acaricia.

 

          Envolto em névoa úmida,

            senti que a mão divina,

          em meio ao sopro da vida,

        me empurrava da colina,

      pra onde o amor se contorcia.

 

  Certa a hora,

ou se tardia,

  não me lembro exatamente,

    mas tornara simplesmente,

      do amor, uma semente.

 

          Não sabia se lá fora

            era frio, úmido ou quente.

          Mas num espaço contido,

        de doçura, encanto e magia,

      só me importava uma coisa;

    aquilo que eu sentia.

 

Era bem alimentado.

  Amor, afeto e carinho.

    Dormia, ficava sentado

      e era belo o meu caminho.

 

          Mas o tempo foi passando.

            O espaço aumentando

          na força das minhas forças.

 

      Gritava por liberdade,

    sem saber que o preço dela

  ficaria na saudade,

pois trocar o meu cantinho,

  de afeto amor e carinho,

    era conto de criança,

      que não vê na esperança

        os espinhos do caminho.

 

            No corre-corre lá fora,

          no balanço da rotina,

        me vi de cabeça à fora,

      “prum” mundo que descortina.

 

  Às costas um grito de dor

e um sorriso de alegria.

  Parabéns,

    disse o doutor,

      no momento em que eu nascia.

 

AMIGO

O mundo se abre agora.

No caminho a vista se apaga.

Um amigo vai-se embora,

e é a saudade quem me afaga.

 

Mas no mar, a água da vida,

no céu estrela a cintilar.

Quem sabe um dia, essa ida,

faça a felicidade brilhar?

 

Se a meta for difícil,

não tente se esquivar.

Não deixe nenhum resquício,

há sempre um amigo pra ajudar.

 

Na reviravolta da vida

jamais sinta indecisão.

Aqui tem a mão amiga

pra te dar força e atenção.

Como diz aquela cantiga,

amigo é mais que um irmão.

 

Se do outro lado da história

olhares para o passado,

procura na memória,

talvez um amigo já apagado,

mas que te deseja vitória.

 

Um dia rimos bastante

daquela piada constante.

Já sinto no coração,

como se fosse um barbante,

a saudade me apertando.

Um suor que vem brotando

na fronte, no rosto e na mão.

 

Amigo, corre pra vida.

Vencer sempre é a tua visão.

Levanta a estrela caída,

que ela há de brilhar em tua mão.

 

Na força desse teu gosto,

olha pr’aquele álbum antigo

e faze acender em teu rosto

a certeza de ter um amigo.