I EXPEDIÇÃO (3.ª Parte)

18/07/2014 15:03

Após a recepção que tive em Itapira, aguardei achegada dos componentes de minha pequena equipe.

Às 21:50h recebi Paulo Donizeti e Ezequiel. Todos os equipamentos e mantimentos já estavam preparados. Partiríamos assim que possível.

Carlos, irmão de Ítalo, nos forneceu condução até o local. Contamos também com a colaboração do seu primo "Pinduca", que aliás, cozinhou pra nós no primeiro dia. Passariam conosco somente a primeira noite, pois tinham de voltar ao entardecer do dia seguinte.

O local era no sítio do Sr. Alduíno Barricatti, no Vale do Rio do Peixe.

Eram 23:55h quando chegamos. O Sr. Dino (Alduíno) nos recebeu muito bem e permitiu que nos alojássemos em seu celeiro. Às 02;00h do dia seguinte, já adormecidos, fomos acordados com a chegada do Ítalo e o seu tio Dino. O Ítalo passaria a noite conosco. Trouxeram as pedras tão ansiosamente esperadas. Magníficas. Eram dois machados e um moedor de sementes. O moedor tinha a forma de um cone com 11,7cm de altura e a base tinha 5,8cm de diâmetro. Era de granito assim como os outros e inteiramente polido, e sua perfeição geométrica era espantosa. O menor dos machados tinha 12,3cm de comprimento e apesar de totalmente polido também, não era correto em sua geometria. No entanto, o terceiro achado era estupendo. Com 14,6cm de comprimento, era perfeito em toda a sua estrutura. Colocado em um plano de topo, o corte dele era exatamente o diâmetro maior de uma elipse. Geometricamente exato, polido em toda a sua composição, era trabalho digno de um artista e garanto, jamais tive conhecimento de um material desta classe, mais perfeito do que o que tinha em mãos.

Não foi necessário pedir. O presente já estava feito e o Sr. Dino nunca imaginara a importância que tinha os seus achados para a Arqueologia brasileira. Naquela manhã nos acompanharia até o local dos achados.

Às 06:00h do dia 28 de março, após tudo preparado, partimos. O local era em meio a um milharal e a terra ali já fora revolvida inúmeras vezes. Difícil seria traçar a história dos achados. Podíamos notar até marcas de enxadas e outros instrumentos nos materiais líticos. Provavelmente, há muito estiveram sujeitos a golpes de equipamentos utilizados por lavradores no desenvolvimento da lavoura. Jogados de um lado a outro sem que alguém desse por conta, foram encontrados esporadicamente à centenas de metros uns dos outros. Louvores sejam feitos ao Sr. Dino por ter visualizado precioso material entre milhares de pedras que cobriam toda a extensão do campo.

O terreno era ligeiramente inclinado, o que daria aproximadamente 600 metros de onde nos encontrávamos até o Rio do Peixe. Demos uma busca em toda a região, pois escavações ali eram simplesmente impossíveis. Durante o almoço, Dino nos apresentou mais duas peças de madeira. Sua cor era preta e segundo ele, tratava-se de embuia (árvore da família das lauráceas, encontrada nos estados de Santa Catarina e Paraná e que produz excelente madeira para confecção de móveis de luxo. É uma das madeiras de lei apresentando uma durabilidade espantosa. Possui um aroma suave, o que protege-a contra os ataques das formigas).

Foto: Omar Bueno

Colocado em um plano de topo, o corte dele era exatamente o diâmetro maior de uma elipse.

 

Foto: Omar Bueno

O local era em meio a um milharal e a terra ali já fora revolvida inúmeras vezes.

Uma delas, de 39cm de comprimento, assemelhava-se a uma picareta que provavelmente fora utilizada na agricultura ou na coleta de material argiloso para a manufatura de utensílios de cerâmica. Uma das pontas era afilada e,

na outra, com um buraco grotescamente trabalhado, exerceria amarração em um cabo de osso ou talvez do mesmo material que teria se alienado da peça principal. A outra, semelhante a um arado, abria-se como um compasso, em duas pernas, com 35cm e 29cm respectivamente, em um ângulo de 40°.

 

Foto: Omar Bueno

Uma delas, de 39cm de comprimento, assemelhava-se a uma picareta...

 (Continua)

  Por: Omar Carline Bueno