VIDA
VIDA
Sob a penumbra da noite
o amor se envaidecia.
Sopro de açoite num vento que assovia.
Do alto eu espreitava a mão que acaricia.
Envolto em névoa úmida,
senti que a mão divina,
em meio ao sopro da vida,
me empurrava da colina,
pra onde o amor se contorcia.
Certa a hora,
ou se tardia,
não me lembro exatamente,
mas tornara simplesmente,
do amor, uma semente.
Não sabia se lá fora
era frio, úmido ou quente.
Mas num espaço contido,
de doçura, encanto e magia,
só me importava uma coisa;
aquilo que eu sentia.
Era bem alimentado.
Amor, afeto e carinho.
Dormia, ficava sentado
e era belo o meu caminho.
Mas o tempo foi passando.
O espaço aumentando
na força das minhas forças.
Gritava por liberdade,
sem saber que o preço dela
ficaria na saudade,
pois trocar o meu cantinho,
de afeto amor e carinho,
era conto de criança,
que não vê na esperança
os espinhos do caminho.
No corre-corre lá fora,
no balanço da rotina,
me vi de cabeça à fora,
“prum” mundo que descortina.
Às costas um grito de dor
e um sorriso de alegria.
Parabéns,
disse o doutor,
no momento em que eu nascia.
Do Livro INSPIRAÇÂO
Omar Carline Bueno