II EXPEDIÇÃO ARQUEOLÓGICA (1ª Parte)
O dia 21 de abril, feriado, cairia em uma segunda-feira. Assim, planejei uma segunda expedição à Itapira. Desta vez seria na fazenda Fortaleza, a 32 quilômetros de distância de onde estivéramos a primeira vez. Soube que explosões na mina de cal da pedreira Fortaleza haviam libertado materiais fósseis.
A idéia era verificar a validade dos fatos e promover escavações se necessário fosse.
No dia 18 de abril de 1975, Sexta-feira, com todo o equipamento necessário preparado, partimos. Desta vez haviam novos elementos na equipe que totalizavam seis: Edenir de Oliveira (Ponei), Ezequiel da Silva, Paulo Donizeti Silva, meu irmão Odair Carline Bueno e José Wilson Francisco (Tio).
O grupo cresceu, asseguro, mais pelo entusiasmo da aventura que se acercou dos novos elementos, após verem, através de fotos, e ouvirem sobre o que passamos e vivemos na I Expedição. Levados por esse espírito, estavam desejosos, Odair e Wilson, de me acompanharem nessa II Expedição, ao qual propósito, não fiz objeção.
O Odair já havia me dito: "Na próxima, eu vou com você". Eu sabia que o principal motivo, era a preocupação que ele sentia por mim. Era meu irmão mais velho e eu, na época, com 19 anos, não me achava, segundo ele, alto suficiente para me defender e agir perante os perigos e dificuldades da mata. Era nervoso ao extremo e normalmente retrucava às normas da equipe. Mas como se sentia bem no campo. Adorava o ar puro, gostava de pisar a relva macia e sentir a natureza circundante. E ainda, além de irmão, era meu maior amigo.
O Tio era completamente o inverso. Era a calma em pessoa e executava a sua função sem nenhuma objeção. Era um rapaz alegre e jamais o vi de modo diferente.
Os 70 quilômetros transcorreram normalmente e desembarcamos na rodoviária às 21h 30m. Entramos em contato com a família Silvestrin que mais uma vez não mediu esforços para nos ajudar.
Esperamos até as 22h 30m quando conseguimos condução. A C-14 devorava a estrada e a poeira cobria a vegetação rasteira. A noite estava fria e só as estrelas cintilavam no céu. Às 23h 40m estávamos na pedreira e os 6 quilômetros restantes, até a casa de Vicente Lorenzan, no sopé do morro Pelado, faríamos à pé, pois a C-14 não conseguiria subir. Contemplei a lúgubre paisagem e sonhei com o dia "de amanhã". A caminhada seria sofrida mas acreditava no êxito que teríamos. Eu tinha fé na minha equipe.
Foto: Ezequiel da Silva
Equipe da II Expedição
As pedras que rolavam sob nossos pés, nos retinham a cada passo. Não andáramos muito e apesar da correta explicação do caminho, foi difícil decidir qual dos três deveríamos pegar na primeira encruzilhada.
O primeiro deu no sopé da pedreira, objetivo dos dias subseqüentes. Nos atiramos no segundo e não caminhamos muito, pois terminava logo adiante. Seguimos o facho da lanterna e o foco parecia perder-se na escuridão. Somente nos próximos dias pudemos notar que o abismo à nossa frente era bastante profundo e poderia nos chamar à morte. Voltamos e pegamos o terceiro caminho que se bifurcava mais à frente. Ao penetrarmos no da esquerda, terminamos novamente no segundo. A sorte não estava ajudando. Só restava agora um único caminho, o correto logicamente. Durante uma hora caminhamos sem interrupção até que por quinze minutos descansamos, prosseguindo em seguida na marcha. Aproximadamente a 500 metros da casa de Vicente Lorenzan, acampamos por aquela noite. A lua nascera a pouco e já nos banhava de prata. Eram 2 horas do dia 19 de abril de 1975 e após um café, pronto na hora, aproximamo-nos da fogueira e nos protegemos do frio que enfrentaríamos naquela madrugada.
Foto: Omar Bueno
Logo de manhã procuramos pelo proprietário da fazenda, que se mostrou bastante cordial e atencioso, colocando à nossa disposição o celeiro onde nos alojamos.
Foto: Omar Bueno
Às 8 horas do Sábado, iniciamos a escalada do Morro Pelado, com o propósito de desvendarmos o mistério da sepultura.
Foto: Omar Bueno
Vista do Morro Pelado
(Continua no próximo n.º)
Texto: Omar Carline Bueno