COMPLETO LEVANTAMENTO CIENTÍFICO (I Expedição Arqueológica)

20/07/2015 17:18

19 horas, já bastante escuro, pegamos o caminho de volta. As luzes das lanternas, bastante fracas devido ao gasto na noite anterior, não comportariam a escuridão e a lua surgiria somente por volta das 20h 20m,lua cheia. Sendo o Sr. Dino conhecedor da região, indicou-nos um caminho que, apesar de mais curto, era mais perigoso.

Atravessamos o riacho e o lodo grudado nas botas aumentava o peso da caminhada. Encobertos pela mata, não tínhamos nada em que pudéssemos nos orientar visualmente e não fosse o senso de direção mui eficaz do Sr. Dino, não teríamos, talvez, tanta sorte no regresso. Seguíamos passo a passo o nosso guia. Uma pisada em falso e poderíamos nos atolar no brejo e dez metros de atraso considerar-nos-iam perdidos nas entranhas da mata.

A caminhada foi difícil e cansativa e os desfiladeiros e trilhas pelos quais passamos não nos asseguravam quanto a perecermos em uma emboscada.

Começamos a transpor o morro que era o nosso último obstáculo no regresso. O lamaçal sob os nossos pés já deixara de existir e a abrupta aparição de uma incidência no terreno, encoberta pela vegetação, já não poderia nos causar abalroamentos como ocorrera um pouco antes. Contudo, o maior problema vinha agora. Com as fracas luzes das lanternas, difícil era saber que bases teria o nosso próximo passo. O Sr. Dino puxava a fila seguido pelo Ezequiel, o Paulo Donizeti e eu como último homem. A trilha, com pouco mais de meio metro, circundava o morro em uma subida lateral. Assim, à esquerda, tínhamos um paredão que se erguia até o cume e, à direita, um abismo no qual uma queda seria fatal.

Foto: Ítalo Silvestrin

Equipe que compôs a I Expedição.(Paulo Donizeti, Ezequiel da Silva e Omar Carline Bueno) 

O peso das mochilas pendia para os lados e o olhar estava fixo no caminho. Pequenas pedras já eram suficientes obstáculos e um corte de 30cm no caminho, não foi percebido por Donizeti. Quando pisou e não encontrou amarração nos pés, agarrou-se em mim, que era o mais próximo, tentando evitar a queda e não fosse a rapidez do Ezequiel, que imediatamente nos deu apoio, eu não teria suportado o peso que se acercou de mim tão inesperadamente.

Passado o susto, prosseguimos e às 20h e 40m estávamos de volta ao alojamento onde preparamos a refeição com mandioca colhida durante o percurso.

Em 30 de março de 1975, usando o próprio alojamento como laboratório de análise, procuramos identificar os achados e colocar em dia nossos relatórios. Tínhamos de retornar e assim, dei por fim a nossa I Expedição.

Apesar do curto tempo que nos era disponível, no qual foi feita essa expedição, foi possível, graças ao trabalho do meu grupo, esgotar o sítio arqueológico, num completo levantamento científico.

Omar Carline Bueno